Rio (AE) - O emprego em alta fez a massa salarial atingir nível recorde em maio, acendendo o alerta de que mais dinheiro circulando pode dar novo impulso à inflação. O rendimento dos trabalhadores do País somou R$ 35,5 bilhões no mês, o maior valor da série do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com avanço de 1,6% em relação a abril e de 6,6% sobre maio de 2010. O dado é da Pesquisa Mensal do Emprego.
Emanuel Amaral
Com o mercado de trabalho aquecido pressão sobre os preços sobe
A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas ficou estável em maio, em 6,4%, mesmo índice de abril. O rendimento médio real habitual dos ocupados no País foi de R$ 1 566,70 em maio, o mais alto para o mês desde 2002. A alta foi de 1,1% em relação a abril e de 4,0% frente a maio de 2010.
"O rendimento médio não é o maior, mas tem mais gente empregada. Tem mais dinheiro circulando, com a população ocupada e o rendimento crescendo", disse Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do IBGE. "Tem mais gente com poder de compra."
A preocupação de analistas é de que, com o mercado de trabalho ainda aquecido em meio à desaceleração da economia, o consumo mantenha a pressão sobre os preços, minimizando o efeito do aperto monetário para colocar a inflação abaixo do teto da meta oficial para o ano: 6,5%. "A alta da massa salarial indica pressão de demanda, não há dúvidas", avalia Rogério Sobreira, economista da Fundação Getúlio Vargas. "No entanto, muito possivelmente esse indicador não vai aparecer tão exuberante à frente. A massa pode continuar subindo, mas de forma mais espalhada, num ritmo menor."
Para Andreia Parente, pesquisadora do Ipea, o incremento na massa salarial não vai necessariamente alimentar o consumo. "Muito dinheiro disponível nos leva a pensar em consumo, mas parte dele deve ser usada para pagar dívidas, já que a inadimplência está em alta. Além disso, as medidas de restrição ao crédito reduziram o prazo para aumentar o valor das parcelas, que é o que o consumidor brasileiro avalia na hora de comprar", comenta a pesquisadora do Ipea.
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