Cortar o ponto dos grevistas é um dever, diz advogado-geral da União
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KELLY MATOS
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, defendeu nesta
quarta-feira (25) o corte do ponto dos servidores em greve, realizado
pelo governo federal. De acordo com Adams, o corte de ponto é
obrigatório sempre que houver falta ao trabalho, independentemente do
motivo.
"O corte de ponto é obrigatório. Ele não é faculdade. Há um equívoco que
se dá à ideia de que greve autoriza o pagamento de salário. Não
autoriza. Já é jurisprudência pacífica do STJ, do TST e do próprio
Supremo Tribunal Federal que ausência de trabalho seja por greve, seja
por outro motivo, gera desconto", afirmou Adams.
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Na avaliação do advogado-geral da União, os dias descontados poderão,
eventualmente, ser abonados após negociação entre os servidores e a
administração federal. No entanto, este processo só poderá ser conduzido
após o fim da paralisação. "Por conta de uma negociação você pode, no
futuro, após encerrado o processo abonar a falta. Mas, no curso da
greve, o desconto é um dever legal", explicou.
GARANTIA DE SERVIÇOS
Luis Inácio Adams também comentou o decreto instituído pela presidente
Dilma Rousseff para garantir o funcionamento de serviços essenciais
durante o período de greve, paralisação ou operação padrão. O texto,
publicado hoje no Diário Oficial da União, permite ao governo transferir
atividades a Estados e municípios.
O ministro negou que a medida seja uma demonstração de que o Planalto
não irá negociar com os grevistas e disse que o governo "está
endurecendo, sim" mas com a questão de garantir serviços essenciais à
população. "O serviço público federal não ficará paralisado por conta da
greve. E as medidas que forem necessárias para garantir esse
funcionamento serão tomadas".
De acordo com o advogado-geral da União, cada ministro ficará
responsável por estudar o melhor procedimento para garantir os serviços
em sua área de atuação, inclusive revendo processos na tentativa de
torná-los mais ágeis.
"Ou seja, o ministro vai poder rever os procedimentos de forma a buscar
dar agilidade a esse processo. Ou seja, suprir o emperramento do
processo administrativo na forma de simplificar esse procedimento e
permitir maior agilidade. A segunda medida é de suprir a força trabalho
que está em greve. A forma mais adequada é de buscar nessas atividades a
colaboração de Estados e municípios. Cada ministro vai estabelecer um
procedimento da sua área", explicou.
Luis Inácio Adams citou a atividade nos portos brasileiros como o "foco
mais imediato" do decreto adotado pelo governo. "Envolve vigilância
agropecuária, vigilância sanitária, envolve a atividade de fiscalização.
Nesse caso específico, essas são as 3 áreas principais", disse. Para
Adams, a paralisação nos portos pode trazer prejuízos econômicos ao país
e também prejuízos à vida das pessoas, no caso da entrada de
medicamentos, por exemplo.
Adams não soube precisar qual será o custo aos cofres públicos da
"transferência" dos serviços essenciais a Estados e municípios.
Questionado sobre uma possível revisão da atual Lei de Greve, o
advogado-geral da União afirmou que este é um tema que deve ser
discutido pelo Congresso Nacional.
Folha de São Paulo
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