domingo, 14 de abril de 2013


Estatísticas da segurança pública apontam que Mossoró vivencia o ano mais violento de sua história

Assassinatos e tentativas de homicídios são cenas comuns em Mossoró.Assassinatos e tentativas de homicídios são cenas comuns em Mossoró.
Registros obtidos com exclusividades junto aos órgãos de segurança pública, pelo O Mossoroense, apontam que o município de Mossoró vive o momento mais violento de sua história, onde números de crimes, assaltos, furtos/roubos de veículos e residências têm crescido assustadoramente não só na zona urbana, mas também na área rural.
No entanto, entre os principais acontecimentos violentos que atemorizam a população estão os homicídios e os atentados, que já contabilizam somente nos 103 primeiros dias de 2013 uma pessoa por dia vítima de arma de fogo ou arma branca, fatal ou atentado. São 49 assassinatos e 54 tentativas de homicídio sofridas pela população, que a cada dia mais procura se defender como pode da ação dos bandidos.
Com relação ao número de pessoas vítimas fatais de disparos de armas de fogo (homicídios), segundo a segurança pública, os três primeiros meses deste ano somados mais 14 dias de abril, é o período mais violento já vivenciado na história local, superando os dois anos anteriores (2011 e 2012), até então que liderava as estatísticas.
Para se ter uma ideia, em se comparando com esse mesmo período, em 2011, foram 43 assassinatos e em 2012, os registros notificam 33 mortes provocadas por armas brancas ou de fogo. Até então o recorde era atribuído a 2011 como o mais violento dos anos.
O delegado Denys Carvalho da Ponte, titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Mossoró, considera essa crescência na violência, entre outros fatores, o tráfico de drogas. "A droga tem sido motivo de muitas mortes em Mossoró. Se formos analisar friamente os motivos dos crimes, mais da metade está direto ou indiretamente ligada aos entorpecentes", destacou o delegado.
Denys Carvalho explica também, que quando esteve à frente da Delegacia Especializada em Narcóticos (Denarc) já havia identificado que a maioria das mortes ocorridas em Mossoró estão atreladas ao tráfico, consumo ou comercialização de drogas, nas ruas e bairros.
"Aqui se mata porque o viciado ficou devendo na boca, porque o traficante quer mais espaço para comercializar o entorpecente, porque o sujeito pegou droga com o traficante e não prestou contas, porque uma facção quer ter domínio maior sobre a zona de comercialização. É assim que funciona. Se você for observar os reais motivos das mortes, com certeza a droga é a principal causa", concluiu o delegado.
As declarações de Denys Carvalho são respaldadas no trabalho desenvolvido pela equipe do delegado Roberto Moura, titular da Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom), responsável exclusivamente por investigar os crimes. As mortes já elucidadas por Roberto Moura e sua equipe, apontam que na maioria dos casos, a droga desponta como o principal motivo dos homicídios.
"É um problema muito sério a presença da droga na sociedade, não só de Mossoró, mas em todo o Brasil. Para ter acesso à droga o sujeito mata, rouba, furta sequestra, engana, dá calote. Aí termina em morte, pois o traficante costuma cobrar suas dívidas, matando o desafeto", disse Roberto Moura.


Tiroteios e tentativas de homicídios atemorizam moradores em bairros periféricos
Por volta das 22h da última quinta-feira, Ubiramar Medeiros de Souza , 33, residente no bairro Planalto 13 de Maio, foi ferido a tiros na cabeça por dois elementos em um carro escuro, próximo a sua residência. Ele foi uma das 54 pessoas baleadas este ano em Mossoró, de acordo com a Polícia Militar.
A grande incidência dos atentados tem sido um terror para a população, em especial para os moradores de bairros periféricos, onde diariamente são registrados tiroteios.
De acordo com o comando dos 2º e 12º Batalhões da Polícia Militar, as rondas ostensivas têm ocorrido diuturnamente em todos os locais da cidade, porém a ousadia dos criminosos desafia o trabalho dos policiais. "Hoje o bandido não teme mais a polícia. Andar armado tornou-se uma prática constante para a bandidagem, bastar só observar o grande número de armas apreendidas este ano, no entanto, nem isso assusta os elementos", destacou um oficial da PM, que preferiu não se identificar por questões de hierarquia.
Para o oficial, bairros como Santo Antônio, Belo Horizonte, Ouro Negro, Quixabeirinha, Barrocas e Paredões, além das favelas do Fio e Tranquilim, são considerados os mais perigosos, em que os tiroteios ocorrem quase que diariamente.
"Temos que intensificar ainda mais os trabalhos para tirar de circulação não só as armas, mas também os marginais, apesar de nós prendermos e a Justiça soltá-los", concluiu.


"Mais de 90% das pessoas vítimas de tentativas de homicídios não prestam queixa nas delegacias", diz delegado
"Uma das maiores dificuldades para apurarmos os inúmeros atentados que ocorrem diariamente em Mossoró é a falta de informações. As vítimas sequer prestam queixas do atentado que sofrem. Mais de 90% das vítimas de tentativas de homicídios fogem da polícia, muitas delas quando vamos ao hospital para colher informações já têm ido embora, mesmo sem estarem de alta", explicou Roberto Moura.
Para o delegado, o comportamento adotado pelas vítimas dificulta o trabalho da polícia e contribui ainda mais para a impunidade. "Se não tem nenhum registro oficial da ocorrência, nada podemos fazer para prender os culpados. É necessário que a vítima de um atentado denuncie o agressor, só assim vamos poder tomar as providências", destacou.
O delegado acredita que a omissão em não denunciar o agressor, é o medo que o sujeito volte para "terminar o serviço". Diante do temor, o indivíduo vítima da tentativa de homicídio opta por silenciar diante do perigo. "Rapaz, é impressionante como também a família da vítima se cala diante do fato. Temos que mudar esse tipo de comportamento das pessoas", concluiu o delegado Roberto Moura.
O Mossoroense

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