quinta-feira, 14 de abril de 2011

Apenas um funcionário da DRT atende seguro-desemprego

Ab­sur­do. É assim que cen­te­nas de tra­ba­lha­do­res de Mos­so­ró e re­gião vem "ro­tu­lan­do" o aten­di­men­to de forma pre­cá­ria que vem sendo rea­li­za­do na sede do mi­nis­té­rio do tra­ba­lho e em­pre­go na ci­da­de de Mos­so­ró.

É que para dar en­tra­da no seguro-desemprego, os se­gu­ra­dos tem que se des­lo­car até a sede do mi­nis­té­rio do tra­ba­lho ou no Sine na cen­tral do ci­da­dão, e fazer um agen­da­men­to, para poder ser aten­di­do após 30 dias.

Nossa equi­pe de re­por­ta­gem es­te­ve pre­sen­te tanto na cen­tral do ci­da­dão, quan­to na sede do mi­nis­té­rio do tra­ba­lho, e con­fir­mou o pro­ble­ma e a re­cla­ma­ção dos se­gu­ra­dos.

" Isso é um ver­da­dei­ro ab­sur­do, por­que eu moro na Maisa e vim hoje para Mos­so­ró dar en­tra­da no meu seguro-desemprego, pa­gan­do pas­sa­gem de carro, es­pe­rei ser aten­di­do e pe­ga­ram ape­nas meu nome e mar­ca­ram meu aten­di­men­to para o dia 13 de maio, isso é uma ver­go­nha, por­que vou pas­sar mais de 60 dias sem re­ce­ber di­nhei­ro", disse in­dig­na­do o ope­ra­dor de má­qui­nas Mas­cá­rio Gur­gel An­dra­de.

A mesma re­cla­ma­ção tem a co­mer­ciá­ria Alaby Cris­ti­na de Me­dei­ros, que mora no bair­ro Santo An­tô­nio, e pre­fe­riu se des­lo­car até a cen­tral do ci­da­dão, achan­do que con­se­gui­ria dar en­tra­da no se­gu­ro, já que o aten­di­men­to na cen­tral é até as 19h e na sede do mi­nis­té­rio é so­men­te até o meio-dia. " Se eu sou­bes­se que vinha só para mar­car e não para re­sol­ver o pro­ble­ma eu tinha ido para a sede do mi­nis­té­rio lá no cen­tro mesmo. Isso aqui é uma ver­go­nha, é uma falta de res­pei­to com todos nós , quem é que vai pagar mi­nhas con­tas du­ran­te esses 60 dias, já que só vou dar en­tra­da daqui a trin­ta dias, e só vou re­ce­ber de­pois de mais 30 dias? Quem é que vai pagar? Nin­guém!", re­cla­mou Alaby Cris­ti­na.

Em con­ta­to com a equi­pe de re­por­ta­gem do COR­REIO DA TARDE, o ge­ren­te re­gio­nal do mi­nis­té­rio do tra­ba­lho e em­pre­go em Mos­so­ró, Fran­cis­co Ro­nal­do de Oli­vei­ra, disse que real­men­te a po­pu­la­ção tem razão em re­cla­mar, mas in­fe­liz­men­te nada pode fazer para re­sol­ver a si­tua­ção, visto que a sede do órgão conta com ape­nas um fun­cio­ná­rio para fazer o pro­to­co­lo do seguro-desemprego.

Ainda se­gun­do ele, a idéia do agen­da­men­to não foi so­men­te por causa da falta de ser­vi­do­res. " Na ver­da­de são dois pro­ble­mas cru­ciais que fez com que a gente op­tas­se pela ques­tão do agen­da­men­to, onde o pri­mei­ro, que eu con­si­de­ro mais grave é a ques­tão da de­fi­ciên­cia de ser­vi­do­res no mi­nis­té­rio do tra­ba­lho, que in­clu­si­ve é um pro­ble­ma a nível na­cio­nal e que só se re­sol­ve com con­cur­so pú­bli­co; e o se­gun­do é que em vir­tu­de disso, pela de­fi­ciên­cia de tra­ba­lha­do­res que nós temos, onde an­ti­ga­men­te o aten­di­men­to era dis­tri­buin­do fi­chas, mas ti­ve­mos pro­ble­mas com mo­ra­do­res de rua que che­ga­vam no mi­nis­té­rio do tra­ba­lho para pegar fila e ven­diam as fi­chas a preço de 40 ou 50 reais para pes­soas que real­men­te ne­ces­si­ta­vam de dar en­tra­da no seguro-desemprego", ex­pli­cou Ro­nal­do Oli­vei­ra.

Se­gun­do o ge­ren­te re­gio­nal do mi­nis­té­rio do tra­ba­lho, a ques­tão dos mo­ra­do­res de rua era uma si­tua­ção com­pli­ca­da por­que fugia da al­ça­da da ad­mi­nis­tra­ção. "Até por­que nós temos vá­rios mo­ra­do­res de rua que re­si­dem aqui ao nosso lado, na praça do museu, e ti­nham a fa­ci­li­da­de para en­tra­rem cedo na fila e con­se­guiam a ficha, e então nós de­tec­ta­mos esse pro­ble­ma, por­que dian­te das di­fi­cul­da­des em se pegar uma ficha, quem real­men­te ne­ces­si­ta­va do se­gu­ro, aca­ba­va pa­gan­do pela ficha, e tam­bém por isso aca­ba­mos com esse sis­te­ma", re­for­çou Ro­nal­do Oli­vei­ra.

Na sede do mi­nis­té­rio em Mos­so­ró, na área ad­mi­nis­tra­ti­va, exis­tem qua­tro fun­cio­ná­rios, sendo que um está lo­ta­do no setor de ho­mo­lo­ga­ções do tra­ba­lho , outro é mo­to­ris­ta, mais um fun­cio­ná­rio no pro­to­co­lo e outro no setor de seguro-desemprego e car­tei­ras de tra­ba­lho. " Por­tan­to, seria hu­ma­na­men­te im­pos­sí­vel aten­der a tanta gente com ape­nas um fun­cio­ná­rio, visto que a de­man­da aqui é muito gran­de, por­que aten­de­mos a Mos­so­ró e re­gião", disse o ge­ren­te, acres­cen­tan­do que nesse pe­río­do o pro­ble­ma se agra­va, por­que além do seguro-desemprego para quem tra­ba­lha na zona ur­ba­na, eles tem que aten­der aos pes­ca­do­res ar­te­sa­nais. "Como eles estão no pe­río­do de de­fe­so, tem di­rei­to ao se­gu­ro, e pra você ter uma idéia, aqui na re­gião de Mos­so­ró, nós temos em média qua­tro mil pes­ca­do­res ar­te­sa­nais que tem di­rei­to ao se­gu­ro", con­cluiu.
Correio da Tarde

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