quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Crise e medidas do governo seguram inflação em 2009, a 3ª menor em 15 anos

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

A crise econômica global, aliada a medidas do governo para conter o efeitos dessa turbulência, foram decisivos para conter a inflação em 2009, cuja alta de 4,31% foi a terceira menor desde o início do Plano Real, em 1994. A variação verificada no ano passado fica atrás apenas das taxas de 2006 (3,14% e de 1998 (1,65%), segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A menor demanda internacional contribuiu diretamente para a menor pressão dos alimentos no ano passado, segurando as principais commodities agrícolas. A alta de 3,18% do item alimentação é a menor desde 2006, quando a variação havia sido de 1,22%, e fica bem abaixo das taxas de 2007 (10,79%) e 2008 (11,11%).
'A crise ajudou a conter a taxa, teve uma influência forte. Os alimentos subiram menos. O dólar mais baixo também contribuiu, assim como a redução das exportações, que aumentaram a oferta interna. Além disso, as medidas do governo para segurar a crise, isentando alguns impostos, também tiveram impacto', afirmou a coordenadora de Índice de Preços do IBGE, Eulina dos Santos.
Exemplo claro disso pode ser medido pela redução nos preços dos automóveis, na esteira da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Os custos com os carros usados caíram 11,90% em 2009, contribuição de -0,17 p.p. Já os automóveis novos tiveram os preços reduzidos em 3,62%, o que significou contribuição de -0,10 p.p.
Os eletrodomésticos também tiveram redução de impostos. Caíram 4,85%, resultando em contribuição individual de -0,05 p.p.
Entre os alimentos, as principais quedas em 2009 foram verificadas nos preços do feijão preto (-44,29%), feijão carioca (-35,85%), tomate (-15,99), bacalhau (-13,86%). Houve queda ainda nos custos com a farinha de trigo (-13,78%), arroz (-13,14%), das carnes (-5,33%), frango (-5,18%) e leite pasteurizado (-3,45%). No ano passado, todos esses produtos estavam em alta.
Em termos de contribuição, os principais itens da mesa do brasileiro ajudaram a conter a inflação no ano passado. As carnes tiveram contribuição individual de -0,13 p.p. Tanto o arroz quanto o feijão carioca tiveram influência negativa de 0,09 p.p.
Ao mesmo tempo, ficaram mais caros o açúcar cristal (63,04%), cebola (53,80%), açúcar refinado (52,99%), batata inglesa (51,50%) e cenoura (44,67%). 

Comer fora de casa cada vez mais caro
A exemplo de 2008, a refeição fora de casa exerceu a principal influência no resultado anual. O item subiu 9,05%, o que representou uma contribuição individual de 0,37 p.p. Entre os dez itens que que exerceram maior influência sobre o IPCA no ano passado, apenas a refeição fora de casa está ligada ao grupo alimentação, embora seja afetada por outros fatores, como o aumento do salário mínimo e dos custos com energia elétrica.
Logo abaixo, vieram as mensalidades escolares, que aumentaram 5,94%, com contribuição de 0,28 p.p. para o índice. Mesma contribuição teve a alta de 8,73% nos custos com empregados domésticos. O aumento da taxação sobre os cigarros fizeram com que o item subisse 27% ao longo de 2009, resultando numa contribuição de 0,23 p.p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário