20 perguntas: carnaval
Conheça um pouquinho da história e algumas curiosidades sobre uma das festas mais populares do Brasil e do mundo.
O fim de semana é do Carnaval - e assim será até a Quarta-Feira de Cinzas. Dias para extravasar, liberar alegria pelos poros e, como já cantou Moraes Moreira certa vez, é a época do ano em que "todo mundo quer ser o que é, e só importa ser, pouco importa o que, homem ou mulher". O Carnaval tem suas história, particularidades e curiosidades, inclusive locais... e a reportagem teve que "rasgar a fantasia" em busca de informações.
01. Afinal de contas, quem inventou esse tal de carnaval?
Perguntinha difícil... porque não há um inventor. Uns dizem que havia uma festa parecida com o carnaval no Egito, dois mil anos antes de Cristo; na Antiguidade vários dias seguidos eram dedicados a manifestações de contentamento e agradecimento, geralmente festas para comemorar as colheitas - nos calendários atuais, alguns povos começavam os eventos no segundo terço de dezembro, enquanto outros o faziam aproximadamente em meados de março, quando começa a primavera no Hemisfério Norte.
02. Mas, e este carnaval que conhecemos?
Começou a se configurar na Grécia Antiga, como uma festa dedicada ao deus Dionísio; com o domínio romano a festa seguiu, aí dedicada ao deus Baco - de onde veio a denominação de bacanais, que chegaram a tal ponto que era permitido fazer tudo nesses dias (tudo no sentido mais amplo da palavra, e aí se libertavam os instintoa mais primitivos! Tantos foram os abusos qu Roma proibiu a festa em determinados lugares, como a Gália, atual França). Há notícias de danças chamadas lupercais, realzadas em meados de fevereiro. Outros povos tinham festas semelhantes. Da combinação de umas e outras festas foi-se formando o carnaval como conhecemos.
03. Que bagunça! Não tinha quem pusesse alguma ordem na "casa"?
De fato, alguém começou a colocar (alguma) ordem: a Igreja Católica, que passou a tolerar o carnaval como uma compensação em relação à Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa. Os primeiros cristãos faziam seus carnavais no período que corresponde hoje do Natal ao dia de Reis, usavam disfarces e realizavam jogos - e quem se excedesse era severamente punido. A festa veio a ser oficializada pela Igreja por volta do século V.
04. Qual a origem das fantasias?
Considerando que os primeiros cristãos usavam disfarces no carnaval, pode-se dizer que as fantasias têm bastante tempo, talvez mais que a prórpia era cristã - afinal, fantasiada, a pessoa aparenta ser outra pessoa, e não a si própria, e isto é uma ideia antiga...
05. E as fantasias no Brasil?
No Brasil, as fantasias tiveram uma fase de ouro entre as décadas de 1870 a 1950; de princípio luxuosas, com o tempo foram ficando cada vez mais simples e sendo reduzidas em quantidade, favorecendo a liberdade de movimento e tendo em mente o fator calor. Por outro lado, quando se fala em fantasias no Brasil, o nome de referência ainda é Clóvis Bornay (1916-2005) que de meados da década de 1930 até pouco depois da virada do século confeccionou e apresentou fantasias de tal luxo que nos concursos de fantasias tornou-se "hors concurs" (concorrente de honra, sem premiação).
06. Falando nisso, e as máscaras? Vieram de onde?
As máscars em si surgiram há bastante tempo, as mais conhecidas datam do Teatro da Grécia antiga.
07. Sim, mas e o chamado baile de máscaras?
A festa específica de carnaval onde as máscaras (e por extensão as fantasias) são mais usadas é um pouco mais recente - em Natal há o Baile de Máscaras da Confeitaria Aheneu, que abre oficialmente io carnaval há algum tempo; mas a história desses bailes tomou força na França, com os primeiros "Bal Masqué" na corte do rei Carlos VI, em plena Idade Média. Dali para a região de Veneza, na Itália, não demorou muito; aliás, até hoje a característica mis marcante do carnaval veneziano (e também do carnaval do sul da França) são as máscaras e fantasias. No Brasil, a história data do tempo de D. Pedro II - para civiliar o "entrudo" no Rio de Janeiro - e os bailes de máscaras tomaram força em Pernambuco.
08. Um(a) professor(a) de Arte me falou desse tal entrudo, faz tempo... o que é mesmo?
Reavivando sua memória (e quem não sabe fica sabendo): o entudo é considerado como o ponto de origem do carnaval brasileiro. Era uma festa originária da ilha de Açores (Portugal) entre os séculos XV e ZVI, e logo despontou no Brasil ainda nos tempos coloniais.
09. E no que consistia?
Em linhas básicas, consistia em carregar as pessoas com grande algazarra e atirá-las em tanques ou tinas, em um banho forçado, ou jogar baldes de água em quem passasse pela rua. Não sem motivo, estes costumas provocavam revoltas e as autoridades interviam para proibir tais abusos. Aí sugiram os "limões-de-cheiro" - recipientes feitos de cera contendo água de cheiro nem sempre agradável - mas o fim era invariavelmente o mesmo: melecar as pessoas...
10. Posso dizer que o "mela-mela" de hoje é um resquício do entrudo?
Adaptando-se às crcunstâncias e características, é provável. Mas para tirar a dúvida, é melhor procurar um professor-pesquisador de confiança, um antropólogo ou um folclorista entendido no assunto.
11. Como o carnaval chegou ao Brasil?
Um dia esse evento chegaria por aqui. No caso, chegou junto os primeiros portugueses, na fase de colonização, tomando vulto a partir do século XVII. Logo, ganhou espaço nas mais variadas classes.
12. O que vem a ser um bloco?
Um bloco, basicamente, é qando um grupo de pessoas se junta para comemorar o carnaval. Os mais conhecios são os chamados "blocos de sujos" - grupo de foliões com fantasias e adereçõs improvisados (quando existem) que saem cantando pelas ruas com instrumentos igualmente improvisados (como latas de leite, por exemplo). Mas há outros tipos de bloco, como os blocos de enredo - que funcionam como pequenas escolas de samba -, os blocos de embalo ou "de assalto" - caracterizados por não se tratarem de blocos de enredo nem se identificarem com outra manifestação carnavalesca preexistente (um bom exemplo é o Psyu, do bairro do Alecrim) - e os blocos de "virgens" ou "piranhas" (a denominação varia de acordo com a região do país) - onde os homens saem vestidos de mulheres, caso clássico das Virgens de Pirangi.
13. De onde surgiram as escolas de samba, como as que vemos na TV?
Na maior parte das vezes, as escolas de samba surgiram (e ainda surgem) da evolução de um bloco carnavalesco - em geral, de um bloco de enredo - , ou da união de város blocos. Há casos de criação direta de uma escola, e da criação de uma a partir de outro tipo de agremiação (a Unidos de Vila Isabel, do Rio de Janeiro, por exemplo, surgiu de um clube de futebol).
14. E o Rei Momo?
O Rei Momo é para muitos a figura máxima do carnaval - algumas fontes o apontam como uma personificação do deus Dionísio/Baco. No Brasil, Momo data do período imperial: a primeira aparição da figura foi em fevereiro de 1855, no Rio de Janeiro, com a denominação de Deus Momo. O termo "Rei Momo" surgiu em 1932, também no Rio de Janeiro, por ideia de um dos város jornais que ciculavam na então capital federal. Fato curioso: esse Rei Momo de 1932 não era uma pessoa, como é o costume atual, mas sim um boneco de massa...
15. E as músicas?
As músicas são um capítulo à parte, e têm um bocado de história. As marchinhas de carnaval, como ainda conhecemos e ouvimos aqui e ali (como "Aurora", "Cabeleira do Zezé", "Me dá um dinheiro aí" e "Saca-Rolha (As águas vão rolar)", entre muitas outras), e as marchas lentas (como "Estrela Dalva", "Bandeira branca" e "Máscara negra") datam principalmente das décadas de 1930 a 1950, período que coincide com a chamada "era de ouro" do rádio - mas há registros mais antigos, como "Õ Abre-Alas", da virada do século XIX para o XX, e considerada a primeira música escita para o carnaval carioca.
16. Mas isso tudo é música vinda do Rio de Janeiro... Nao há outros lugares-polo de músicas carnavalescas?
Depois do Rio, o grande nome é Pernambuco. Obra do frevo, descrito por Cãmara Cascudo como "uma marcha, com divisão em binário e andamento semelhante ao da machinha carioca, mais pesada e estridente de fanfarra". As primeiras descrições datam de 1907 - o gênero foi resguardado em Pernambuco a partir de meados da década de 1980, e como presente de centenário ganhou o status de patrimônio cultural imaterial. De longe, a música mais conhecida do gênero é o instrumental "Vassourinhas", mas também há diversos frevos cantados (um dos compositores mais lembrados ainda é Capiba, já falecido, e entre os intérpretes a referência é Claudionor Germano) mas o Rio Grande do Norte também deu seu toque: o maior compositor de frevos vivo fora de Pernambuco é potiguar.
17. Potiguar? Quem?
Dosinho, batizado Claudionor Batista de Oliveira, vivíssimo e em atividade (apesar da amargura de não ouvir uma só música sua nas principais rádios de Natal, pois as mesmas não tocam frevo... mas eata é uma outra história!). É dele, por exemplo, os hinos de dois clubes de futebol importantes do estado - o do ABC e o do Alecrim (ele também compôs um hino para o América) - além de divesos frevos como "Doido também apanha", "Fantasia de capim", "Frevo do Bin Laden" (uma de suas produções mais recentes), e o retrato mais vívido que qualquer um pode ter de um bloco de carnaval: "Vão me levando".
18. Como é a letra de "Vão me levando"?
Raro é o folião que não tenha sido "arrastado" por um bloco carnavalesco, independente de ser o Suvaco do Cristo no Rio de Janeiro, a Ala Ursa de Magão em Caicó, os Phoderosos de Touros, o Psyu do bairro do Alecrim ou algum bloco improvisado de sujos no Conjunto Santarém. É algo universal, e alguém tinha que fazer o "3 x 4" disso, exatamente o que fez Dosinho por volta de 1953 e cantou um dia desses em um programa de memórias na TV - "Eu não vou, vão me levando/ vão me empurrando e desse jeito eu tenho que ir/ se bato em um, se piso em outro/ vocês vão me desculpando/ eu não vou, vão me levando.../ não posso nem fugir, não posso nem parar/ com tanta gente me chamando p'ra dançar/ estou cansado, estou bambeando/ eu não vou, vão me levando..."
19. E o Axé Music, tão comum no carvaval das praias?
A origem é bem conhecida - Bahia, meados da década de 1980, evolução quase direta de um outro ritmo que tomou comta das rádios à época denominado samba-reggae. Quase, porque há influências anteriores, como o Trio Elétrico (desde a década de 1950, e completando agora exatos 60 anos, inicialmente "movido" aos frevos instrumentais de Pernambuco, adaptados à situação, e mais tarde reunindo ritmos afro, entre muitos outros) e outras influências do memso período, como o "fricote" e o merengue"; a mistura desembocou no atual Axé.
20. O carnaval tem tudo isso?
Tudo isso e bem mais coisas, tanto para se ver quanto para se pesquisar e escrever. Muito disto, dependendo do local, ainda pode ser visto da esquina de sua casa (ou do shopping, ou da lan-house)...
Perguntinha difícil... porque não há um inventor. Uns dizem que havia uma festa parecida com o carnaval no Egito, dois mil anos antes de Cristo; na Antiguidade vários dias seguidos eram dedicados a manifestações de contentamento e agradecimento, geralmente festas para comemorar as colheitas - nos calendários atuais, alguns povos começavam os eventos no segundo terço de dezembro, enquanto outros o faziam aproximadamente em meados de março, quando começa a primavera no Hemisfério Norte.
02. Mas, e este carnaval que conhecemos?
Começou a se configurar na Grécia Antiga, como uma festa dedicada ao deus Dionísio; com o domínio romano a festa seguiu, aí dedicada ao deus Baco - de onde veio a denominação de bacanais, que chegaram a tal ponto que era permitido fazer tudo nesses dias (tudo no sentido mais amplo da palavra, e aí se libertavam os instintoa mais primitivos! Tantos foram os abusos qu Roma proibiu a festa em determinados lugares, como a Gália, atual França). Há notícias de danças chamadas lupercais, realzadas em meados de fevereiro. Outros povos tinham festas semelhantes. Da combinação de umas e outras festas foi-se formando o carnaval como conhecemos.
03. Que bagunça! Não tinha quem pusesse alguma ordem na "casa"?
De fato, alguém começou a colocar (alguma) ordem: a Igreja Católica, que passou a tolerar o carnaval como uma compensação em relação à Quaresma, os 40 dias que antecedem a Páscoa. Os primeiros cristãos faziam seus carnavais no período que corresponde hoje do Natal ao dia de Reis, usavam disfarces e realizavam jogos - e quem se excedesse era severamente punido. A festa veio a ser oficializada pela Igreja por volta do século V.
04. Qual a origem das fantasias?
Considerando que os primeiros cristãos usavam disfarces no carnaval, pode-se dizer que as fantasias têm bastante tempo, talvez mais que a prórpia era cristã - afinal, fantasiada, a pessoa aparenta ser outra pessoa, e não a si própria, e isto é uma ideia antiga...
05. E as fantasias no Brasil?
No Brasil, as fantasias tiveram uma fase de ouro entre as décadas de 1870 a 1950; de princípio luxuosas, com o tempo foram ficando cada vez mais simples e sendo reduzidas em quantidade, favorecendo a liberdade de movimento e tendo em mente o fator calor. Por outro lado, quando se fala em fantasias no Brasil, o nome de referência ainda é Clóvis Bornay (1916-2005) que de meados da década de 1930 até pouco depois da virada do século confeccionou e apresentou fantasias de tal luxo que nos concursos de fantasias tornou-se "hors concurs" (concorrente de honra, sem premiação).
06. Falando nisso, e as máscaras? Vieram de onde?
As máscars em si surgiram há bastante tempo, as mais conhecidas datam do Teatro da Grécia antiga.
07. Sim, mas e o chamado baile de máscaras?
A festa específica de carnaval onde as máscaras (e por extensão as fantasias) são mais usadas é um pouco mais recente - em Natal há o Baile de Máscaras da Confeitaria Aheneu, que abre oficialmente io carnaval há algum tempo; mas a história desses bailes tomou força na França, com os primeiros "Bal Masqué" na corte do rei Carlos VI, em plena Idade Média. Dali para a região de Veneza, na Itália, não demorou muito; aliás, até hoje a característica mis marcante do carnaval veneziano (e também do carnaval do sul da França) são as máscaras e fantasias. No Brasil, a história data do tempo de D. Pedro II - para civiliar o "entrudo" no Rio de Janeiro - e os bailes de máscaras tomaram força em Pernambuco.
08. Um(a) professor(a) de Arte me falou desse tal entrudo, faz tempo... o que é mesmo?
Reavivando sua memória (e quem não sabe fica sabendo): o entudo é considerado como o ponto de origem do carnaval brasileiro. Era uma festa originária da ilha de Açores (Portugal) entre os séculos XV e ZVI, e logo despontou no Brasil ainda nos tempos coloniais.
09. E no que consistia?
Em linhas básicas, consistia em carregar as pessoas com grande algazarra e atirá-las em tanques ou tinas, em um banho forçado, ou jogar baldes de água em quem passasse pela rua. Não sem motivo, estes costumas provocavam revoltas e as autoridades interviam para proibir tais abusos. Aí sugiram os "limões-de-cheiro" - recipientes feitos de cera contendo água de cheiro nem sempre agradável - mas o fim era invariavelmente o mesmo: melecar as pessoas...
10. Posso dizer que o "mela-mela" de hoje é um resquício do entrudo?
Adaptando-se às crcunstâncias e características, é provável. Mas para tirar a dúvida, é melhor procurar um professor-pesquisador de confiança, um antropólogo ou um folclorista entendido no assunto.
11. Como o carnaval chegou ao Brasil?
Um dia esse evento chegaria por aqui. No caso, chegou junto os primeiros portugueses, na fase de colonização, tomando vulto a partir do século XVII. Logo, ganhou espaço nas mais variadas classes.
12. O que vem a ser um bloco?
Um bloco, basicamente, é qando um grupo de pessoas se junta para comemorar o carnaval. Os mais conhecios são os chamados "blocos de sujos" - grupo de foliões com fantasias e adereçõs improvisados (quando existem) que saem cantando pelas ruas com instrumentos igualmente improvisados (como latas de leite, por exemplo). Mas há outros tipos de bloco, como os blocos de enredo - que funcionam como pequenas escolas de samba -, os blocos de embalo ou "de assalto" - caracterizados por não se tratarem de blocos de enredo nem se identificarem com outra manifestação carnavalesca preexistente (um bom exemplo é o Psyu, do bairro do Alecrim) - e os blocos de "virgens" ou "piranhas" (a denominação varia de acordo com a região do país) - onde os homens saem vestidos de mulheres, caso clássico das Virgens de Pirangi.
13. De onde surgiram as escolas de samba, como as que vemos na TV?
Na maior parte das vezes, as escolas de samba surgiram (e ainda surgem) da evolução de um bloco carnavalesco - em geral, de um bloco de enredo - , ou da união de város blocos. Há casos de criação direta de uma escola, e da criação de uma a partir de outro tipo de agremiação (a Unidos de Vila Isabel, do Rio de Janeiro, por exemplo, surgiu de um clube de futebol).
14. E o Rei Momo?
O Rei Momo é para muitos a figura máxima do carnaval - algumas fontes o apontam como uma personificação do deus Dionísio/Baco. No Brasil, Momo data do período imperial: a primeira aparição da figura foi em fevereiro de 1855, no Rio de Janeiro, com a denominação de Deus Momo. O termo "Rei Momo" surgiu em 1932, também no Rio de Janeiro, por ideia de um dos város jornais que ciculavam na então capital federal. Fato curioso: esse Rei Momo de 1932 não era uma pessoa, como é o costume atual, mas sim um boneco de massa...
15. E as músicas?
As músicas são um capítulo à parte, e têm um bocado de história. As marchinhas de carnaval, como ainda conhecemos e ouvimos aqui e ali (como "Aurora", "Cabeleira do Zezé", "Me dá um dinheiro aí" e "Saca-Rolha (As águas vão rolar)", entre muitas outras), e as marchas lentas (como "Estrela Dalva", "Bandeira branca" e "Máscara negra") datam principalmente das décadas de 1930 a 1950, período que coincide com a chamada "era de ouro" do rádio - mas há registros mais antigos, como "Õ Abre-Alas", da virada do século XIX para o XX, e considerada a primeira música escita para o carnaval carioca.
16. Mas isso tudo é música vinda do Rio de Janeiro... Nao há outros lugares-polo de músicas carnavalescas?
Depois do Rio, o grande nome é Pernambuco. Obra do frevo, descrito por Cãmara Cascudo como "uma marcha, com divisão em binário e andamento semelhante ao da machinha carioca, mais pesada e estridente de fanfarra". As primeiras descrições datam de 1907 - o gênero foi resguardado em Pernambuco a partir de meados da década de 1980, e como presente de centenário ganhou o status de patrimônio cultural imaterial. De longe, a música mais conhecida do gênero é o instrumental "Vassourinhas", mas também há diversos frevos cantados (um dos compositores mais lembrados ainda é Capiba, já falecido, e entre os intérpretes a referência é Claudionor Germano) mas o Rio Grande do Norte também deu seu toque: o maior compositor de frevos vivo fora de Pernambuco é potiguar.
17. Potiguar? Quem?
Dosinho, batizado Claudionor Batista de Oliveira, vivíssimo e em atividade (apesar da amargura de não ouvir uma só música sua nas principais rádios de Natal, pois as mesmas não tocam frevo... mas eata é uma outra história!). É dele, por exemplo, os hinos de dois clubes de futebol importantes do estado - o do ABC e o do Alecrim (ele também compôs um hino para o América) - além de divesos frevos como "Doido também apanha", "Fantasia de capim", "Frevo do Bin Laden" (uma de suas produções mais recentes), e o retrato mais vívido que qualquer um pode ter de um bloco de carnaval: "Vão me levando".
18. Como é a letra de "Vão me levando"?
Raro é o folião que não tenha sido "arrastado" por um bloco carnavalesco, independente de ser o Suvaco do Cristo no Rio de Janeiro, a Ala Ursa de Magão em Caicó, os Phoderosos de Touros, o Psyu do bairro do Alecrim ou algum bloco improvisado de sujos no Conjunto Santarém. É algo universal, e alguém tinha que fazer o "3 x 4" disso, exatamente o que fez Dosinho por volta de 1953 e cantou um dia desses em um programa de memórias na TV - "Eu não vou, vão me levando/ vão me empurrando e desse jeito eu tenho que ir/ se bato em um, se piso em outro/ vocês vão me desculpando/ eu não vou, vão me levando.../ não posso nem fugir, não posso nem parar/ com tanta gente me chamando p'ra dançar/ estou cansado, estou bambeando/ eu não vou, vão me levando..."
19. E o Axé Music, tão comum no carvaval das praias?
A origem é bem conhecida - Bahia, meados da década de 1980, evolução quase direta de um outro ritmo que tomou comta das rádios à época denominado samba-reggae. Quase, porque há influências anteriores, como o Trio Elétrico (desde a década de 1950, e completando agora exatos 60 anos, inicialmente "movido" aos frevos instrumentais de Pernambuco, adaptados à situação, e mais tarde reunindo ritmos afro, entre muitos outros) e outras influências do memso período, como o "fricote" e o merengue"; a mistura desembocou no atual Axé.
20. O carnaval tem tudo isso?
Tudo isso e bem mais coisas, tanto para se ver quanto para se pesquisar e escrever. Muito disto, dependendo do local, ainda pode ser visto da esquina de sua casa (ou do shopping, ou da lan-house)...
Fonte: No minuto.com
* Foram consultados o Almanaque Abril, Enciclopédias Formar e Delta-Larousse, arquivos do Nominuto.com, Programa Memória Viva/TVU, e a memória auditiva do repórter.
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